segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Que romântico

Eles já se conheciam a algum tempo. Não muito tempo, mas também nem tão pouco assim, o suficiente para que fosse perceptível aos olhos de um observador que ele gostava dela.

Mas como não podia deixar de ser, ela o via apenas como amigo, sabe, algo bem clichê, a velha historinha do “o que eu sinto por você é mais que amizade”. Mas como coração apaixonado é bobo e um sorriso dela e ele se derretia todo, aconteceu o óbvio. Não o óbvio utópico, o óbvio idiota mesmo. Ele olhou bem nos olhos dela e falou, bem do fundo do coração, tudo o que sentia . Aham, ele se declarou. O que se sucedeu está aqui relatado, mais ou menos assim – bem bonito, por sinal, digno dos poetas mais românticos da Idade Moderna que, inclusive, poderia dar  um filme:

- Dentre todas as pessoas do mundo, eu  nunca imaginei que aconteceria isso comigo, eu nunca achei que confundiria as coisas, ou que...sabe? Fosse me apaixonar por alguém dessa forma. E o que era pra ser o sentimento mais bonito, termina me cortando o peito todo dia, num duelo entre a esperança de que você me veja do mesmo modo que eu te vejo, e do medo de você me rejeitar e eu não poder mais te olhar nos olhos ou ouvir sua voz. E depois de todo esse tempo, chegou nesse ponto em que estamos agora e eu...não dá, sabe? Não consigo. Não consigo mais te olhar sem querer ficar abraçado com você pra sempre. Sem  ter vontade de roubar todas as estrelas dessa e das galáxias só pra satisfazer o mais singelo pedido seu. Pode ser que você não sinta a mesma coisa e eu não vou mentir que, se for isso mesmo, não ficarei triste. Mas espero, com mais força que um pedido pra uma estrela cadente, que se houver, mesmo a menor chance possível, do improvável acontecer, que você tente. Eu prometo...eu te prometo que vou fazer mais que o impossível para que seu coração bata como nunca bateu antes...do mesmo jeito que eu me sinto quando você olha pra mim e sorri. Se cada pessoa é metade de outra , eu não tenho dúvida de que você é o único encaixe que serve em mim.

Ele parou. Seu coração querendo sair pela boca. Cada segundo parecia uma agonia infinita. Ela não sabia ao certo se já esperava ou não por isso. A sensação de ter a felicidade de alguém nas mãos não era lá muito boa. Ela olhou para ele, mais um segundo de eternidade se passou, e respondeu:

- Nossa...que gay.