quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Que garota serelepe

Belinha era uma garota tão bela quanto o nome diz. Pele de pêssego, bem tratada, a boca parecia que tinha sido esculpida (sério, era muito bonitinha), e seus olhos verdes tornavam o conjunto uma coisa linda de se observar. Costumava usar vestidinhos semi-comportados, inclusive, tinha um branco com florzinhas coloridas que era verdadeiramente encantador. E apesar da beleza natura, ainda era muito vaidosa. Desde sempre era a garota que chamava a atenção dos garotos da sala, deixando boa parte das meninas com inveja.

Belinha namorava Caio, um garoto até comum, mas um pouco mais sensível que a maioria dos rapazes de 16 anos (talvez isso que tivera chamado a atenção de Belinha, não sei). Caio era fã de MPB e tocava violão. As músicas que compôs para Belinha eram bem bonitas, dava pra gravar um CD já. Caio também era um cavalheiro, bem educado, típico garoto bonzinho que se vê em filmes americanos.

Quando completaram três meses de namoro, Caio mandou um buquê enorme de rosas vermelhas na escola de Belinha, deixando as amiguinhas dela histéricas (coisas de menina, vocês sabem). Ah! E tinha uns bombons também, de morango com cobertura de chocolate, os preferidos da sua amada.

Tendo esclarecido estas coisas não tão importantes, vamos acelerar o relógio até um fatídico dia comum de sábado. Era cerca de 7 horas da noite quando Caio passou na casa de Belinha, querendo fazer uma surpresa. Ele, todo bonitinho e arrumado, apertou a campainha. Belinha, que estava em sua cama, levou um susto, pois seus pais só voltariam tarde da noite, e com toda certeza, não esta esperava que Caio viesse visitá-la nesse dia, até porque ele deveria ter viajado para a praia com o pai. Mas ela manteve a calma. Colocou uma roupa casual e foi até a porta ver quem era, nem reparou nos cabelos um pouco emaranhados.

- Er...amor? O que está fazendo aqui? – disse Belinha, com sua típica carinha inocente e voz angelical.
- Surpresa, Bel, decidi ficar por aqui mesmo – Caio respondeu, adentrando a residência.
- Ah...que bom...mas é que eu estou sozinha em casa e... – disse a garota, preocupada. Caio achou uma gracinha Belinha dizer isso, como se ele fosse um perigo para a jovem garota. De fato, só havia visitado Bela sob os olhares dos rígidos pais da garota.

A propósito, o namoro ainda era recente, estava pra fazer um ano. Uma coisa que eu acho importante falar aqui é que não acontecia absolutamente nada de teor sexual entre esses dois adolescentes. Apesar do tempo de namoro, nem um beijo um pouco mais lascivo fora dado, nem mãos bobas, nem nada. Caio respeitava demasiadamente sua companheira, e queria deixar as coisas fluírem no tempo dela.

- Tudo bem, então, amor. Vamos fazer assim, liga pros seus pais e diga que vamos ao cinema. Passo aqui mais tarde então, às oito e meia pra gente ver “Comer, Rezar e Amar”, que tal? – propôs Caio, como sempre, gentil.
- Combinado então, vou me aprontar e te ligo daqui a pouco – respondeu Belinha, dando um selinho nos lábios de Caio.

O menino sorriu e foi para sua casa, que era um prédio a dois quarteirões dali. Contudo quando ainda estava na esquina, avistou seus amigos no Bar do Bira. Tudo ok em jogar uma sinuquinha enquanto esperava a resposta de Bela.

Nesse tempo, após despedir de Caio e fechar a porta, Bela voltou para o seu quarto:

- Ufa, dessa vez foi por pouco – disse aliviada.
- Quem era? – perguntou Jamal, intercambista da África do Sul que jogava basquete no time da escola de Belinha. Que estava, não por acaso, pelado na cama da doce Isabel.
- Ah, o Caio, meu namorado.
- Haha – Carlos deu uma risada sarcástica. Por sinal, Carlos, conhecido como Carlito Tripé, também estava pelado na cama. Parecia que os dois estavam esperando a volta de Belinha para continuar algo. Brincadeira, não apenas parecia, como de fato estavam esperando Belinha voltar.
 - Bom – disse Belinha com um sorriso sacana que não costumava usar – onde paramos?

E os três recomeçaram o ménage à trois que estava rolando desde as duas da tarde. E pelo visto, a habilidade que Belinha demonstrava ali deixava claro que não era sua primeira vez nessa situação. Nem a segunda. Ou a vigésima nona. Bom, isso já é outra história.
É, gente, que garota serelepe essa Belinha, ein?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Que romântico

Eles já se conheciam a algum tempo. Não muito tempo, mas também nem tão pouco assim, o suficiente para que fosse perceptível aos olhos de um observador que ele gostava dela.

Mas como não podia deixar de ser, ela o via apenas como amigo, sabe, algo bem clichê, a velha historinha do “o que eu sinto por você é mais que amizade”. Mas como coração apaixonado é bobo e um sorriso dela e ele se derretia todo, aconteceu o óbvio. Não o óbvio utópico, o óbvio idiota mesmo. Ele olhou bem nos olhos dela e falou, bem do fundo do coração, tudo o que sentia . Aham, ele se declarou. O que se sucedeu está aqui relatado, mais ou menos assim – bem bonito, por sinal, digno dos poetas mais românticos da Idade Moderna que, inclusive, poderia dar  um filme:

- Dentre todas as pessoas do mundo, eu  nunca imaginei que aconteceria isso comigo, eu nunca achei que confundiria as coisas, ou que...sabe? Fosse me apaixonar por alguém dessa forma. E o que era pra ser o sentimento mais bonito, termina me cortando o peito todo dia, num duelo entre a esperança de que você me veja do mesmo modo que eu te vejo, e do medo de você me rejeitar e eu não poder mais te olhar nos olhos ou ouvir sua voz. E depois de todo esse tempo, chegou nesse ponto em que estamos agora e eu...não dá, sabe? Não consigo. Não consigo mais te olhar sem querer ficar abraçado com você pra sempre. Sem  ter vontade de roubar todas as estrelas dessa e das galáxias só pra satisfazer o mais singelo pedido seu. Pode ser que você não sinta a mesma coisa e eu não vou mentir que, se for isso mesmo, não ficarei triste. Mas espero, com mais força que um pedido pra uma estrela cadente, que se houver, mesmo a menor chance possível, do improvável acontecer, que você tente. Eu prometo...eu te prometo que vou fazer mais que o impossível para que seu coração bata como nunca bateu antes...do mesmo jeito que eu me sinto quando você olha pra mim e sorri. Se cada pessoa é metade de outra , eu não tenho dúvida de que você é o único encaixe que serve em mim.

Ele parou. Seu coração querendo sair pela boca. Cada segundo parecia uma agonia infinita. Ela não sabia ao certo se já esperava ou não por isso. A sensação de ter a felicidade de alguém nas mãos não era lá muito boa. Ela olhou para ele, mais um segundo de eternidade se passou, e respondeu:

- Nossa...que gay.